terça-feira, 13 de novembro de 2007

Das coisas que a máquina do tempo esqueceu

Todo mundo conhece essa história. Tinha um menino, tinha uma menina. E tinha amor; amor e bem querer; amor, bem querer e muita vontade de ficar junto. Mas a vontade não deu certo e o menino e a menina ficaram separados.
E teve dor, solidão, vontade de não parar de chorar. Vontade de entrar de carona numa dessas máquinas do tempo e fazer a rotação da terra se inverter. Tudo isso só para encontrar o momento certo, o instante exato em que as coisas deram errado e tudo mudou para eles. E quando eles encontrassem esse momento, eles iam se amar ainda mais e iam se misturar, iam se confundir, que era para eles não terem que dizer adeus, que era para que nenhum dos dois partisse. Porque partir não fazia parte dos planos.
E quando a menina e o menino voltassem da máquina do tempo, eles iam perceber que tudo tinha mudado. Os carinhos de sempre, os beijos usuais... tudo aquilo tinha mudado. Menos eles. O menino e a menina continuariam os mesmos. E quando eles percebessem isso, eles iam se estranhar e eles iam partir. Ele partindo dela e ela ia partindo dele.
Do que é que adianta uma máquina do tempo, se ela não pode mudar aquilo que faz com que justamente o tempo não tenha a menor importância\
E como todo mundo conhece essa história, todo mundo conhece também esse final. O menino e a menina partiram. Foram embora um do outro. E todos ao redor ficaram chocados. E todos deram suas soluções. A melhor encontrada foi o tempo. Mas não aquele tempo que ficava atrás do menino e da menina, o tempo da máquina. Aquele tempo, eles sabiam, não poderia mudar quem eles eram, porque aquele não era nem o tempo da menina, nem o tempo do menino, era o tempo dos dois. O tempo escolhido era um tempo que não se sabe nem pra onde nem com quem se vai. (ou se, de fato, ele foi mesmo). Na verdade, era um tempo dividido, o tempo de cada um dos dois, em separado. Era só um tempo pra frente.

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