sexta-feira, 18 de abril de 2008

Em busca da Endorfina perdida...

A sala é praticamente um aquário. Paredes de vidro do chão ao teto e onde não há vidro, há um imenso e onipresente espelho. Inevitável não ficar intimidada com aquele aquário...

Quem me conhece sabe da minha inadequação a ambientes como academias de ginástica. Não gosto de suar e me sinto muito Muito MUITO desconfortável naqueles aparelhos que mais parecem feitos para te torturar e mostrar a você e a todos os marombados e marombadas do planeta que você tá gorda, fora de forma e é, de fato, bastante fracote.

Já entrei no aquário sabendo de tudo isso, mas entrei de cabeça erguida, como quem sabe que está vencida, mas acha que, quem sabe, dessa vez, num vai ser diferente.

A primeira parte é sempre a mais constrangedora: alongamento. Se já desconfiava, pude ter certeza: eu to toda entravada, da cabeça aos pés. Estica, contorce, encolhe, agüenta fiiiiiiiirme... Todos os movimentos muito limitados.

Segunda parte: aparelhos. Senta, levanta, empurra, puxa, olha a postura, joelhos sempre flexionados, aumenta a força, mantém o ritmo, duas séries de 20 para começar, mais uma de 15. E quando você pensa que não dá para piorar mais, eis que o momento auge do constrangimento surge: uma máquina na qual você tem que se deitar, empinar o popozão, engatar o queixo numa trava lá e flexionar várias vezes as pernas. Detalhe para a fila de saradões esperando eu terminar o exercício... E como nada é tão ruim que não possa piorar... eu fico engatada na máquina. “Alguém me ajuda aqui, por favor, acho que fiquei presa”. Legal! Além de ser o peixe fora d´água daquele aquário, ainda sou a piada da semana! Uhulllll! Ponto para minha auto-estima!

Última parte: esteira. O que eu mais detesto na esteira não é o fato de que você anda, anda, corre, corre e continua no mesmo lugar. O que é foda é controlar os pensamentos enquanto você executa a tarefa. No início, como toda boa “on diet”, você só pensa nos benefícios que aquele exercício vai te fazer: “hum... vou perder uns dez quilos... hum... vou voltar a usar 38... hum... vou comprar um biquíni de lacinho... hum...amanhã só almoço salada... hum... vou tomar dez litros de água por dia... hum...” e por aí vai. O problema é que, depois dos 15 minutos iniciais, seu inconsciente começa a mostrar pra você quem realmente você é e no meio daqueles pensamentos nutricionalmente corretos, tem sempre uma imagem obscena de uma barra impiedosa de chocolate... mais pensamentos verde e pá... outra imagem calhorda: churrasco. É, os próximos 15 minutos vão ser do terror. Buscando influências externas, me concentro no ambiente ao meu redor. À minha esquerda, um playboy fala com a namorada pelo celular enquanto corre, à direita uma magrela se desfaz em suor. Música! Mas a trilha sonora do aquário é terrível e não ajuda em nada meu estado de desespero. Hip Hop e muitas gatchénhas saradas rebolando na TV de Plasma que fica de frente para as esteiras. Massa! Humilhação e perda de auto-estima em alta definição. Se já desconfiava de alguma coisa, ver Beyoncé descendo até o chão me deu a confirmação: sua carol, sua bem muito, ou então você vai continuar embarangando.

A esteira apita.

Acabou-se meu primeiro dia no aquário.

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